Sinto, logo existo
Há momentos sublimes nos nossos dias, daqueles que que não podemos acreditar que de fato nos pertencem. Em menor ou maior proporção, temos aqueles outros momentos, do tipo frio e vazio, que daríamos tudo para avançar (ou retroceder) o tempo. Ambos, fatias de tempo suspenso.
A verdade inegável é que, apesar de todos esses momentos serem apenas um sopro na nossa existência, há rico potencial de cura em todos eles.
A forma como lidamos com o que sentimos pode trazer repertório valioso para seguirmos em frente.
Infelizmente, apesar de títulos e adornos, continuamos semi alfabetizados em emoções.
Em raras oportunidades conseguimos permanecer mergulhados na sensação — abraçando o que se apresenta, e, na despedida desse encontro, nomear o que sentimos. Estamos ocupados e sobrecarregados demais buscando uma rota de fuga ou de solução, como se sentir fosse algo inadequado.
Nos forçamos tanto para curar rápido, buscar novos começos e retomar o movimento; que recomeçamos cada vez mais feridos, desconectados e com menos a oferecer.
Para aqueles que, como eu, tem ousado sentir, uma grande descoberta:
Viver a dor não te torna deprimido, frágil ou fraco. Viver a dor é um ato de extrema força e coragem de honrar o que foi. Pois só há dor e tristeza onde já houve amor e alegria. Ao abafar as sensações incomodas, há grande chance de anular a alegria sentida!
Forçar-se a não sentir é um grande desperdício de vida. É escolher viver vendado. Já não vejo orgulho nisso.
Caso seja possível escolher algo para desperdiçar, que sejam momentos de silêncio, da pele para dentro, acolhendo e dando espaço a todas as sensações. Dói. Mas te coloca em um lugar de escolha quanto ao significado da tua dor.
Como bem resumiu Eckhart Tolle
‘’A emoção em si não é infelicidade. Apenas a emoção associada a uma historia triste é infelicidade”.
E foi assim… afastada da mentalização e dos pensamentos, receptiva a cada emoção tal qual se apresentava — sem julgamento, aos poucos, pude lentamente abri espaço para um vislumbre do que poderia ser minha narrativa diante do meu processo individual de luto.
Meu processo passou a ser esse: sentir. Sentir todas as miudezas e me surpreender com o poder de regeneração que apenas o estado de vulnerabilidade permite.
Então, permita-se sentir. E sente-as por inteiro.
E para te ajudar a sentir:
Café coado, jazz e croissant quentinho para acolher as emoções.
Eckhart Tolle. Um novo mundo: o despertar de uma nova consciência.